sábado, 22 de outubro de 2011

IASJ - Workshop Informal

O 21º IASJ - International Association of Shools of Jazz Meeting - que tem Dave Liebman como diretor artístico, foi realizado aqui, em São Paulo, onde vivo. Pela 1ª vez o evento foi realizado na América do Sul e trouxe professores da Berklee e estudantes de diversos países. As atividades foram realizadas no Conservatório Souza Lima e o baterista, professor no encontro e meu grande amigo, Carlos Ezequiel me ligou convidando para ir ao encontro final da área de bateria.
Fui até lá e foi ótimo encontrar amigos queridos como Bob Wyatt e Lupa Santiago e conhecer músicos como John Ramsay, chefe do departamento de percussão da Berklee, e autor dos vídeos abaixo.  Meu livro estava circulando pelo encontro, uma vez que o conservatório, entre muitas outras escolas no Brasil, universidades americanas e européias (pela Ed. Advance Music), o adotou para o ensino de ritmos brasileiros. Em certo ponto do encontro fui apresentado ao presentes pelo próprio Ramsay e gentilmente convidado a falar sobre meu trabalho.

Compartilho com você um pouco deste encontro descontraído e agradável, onde ouvi diversas considerações interessantes sobre o equilíbrio entre o desenvolvimento técnico e musical na formação de um músico.

No 1º vídeo abaixo, demonstrei a técnica conhecida como "frigideira", clássica maneira brasileira de tocar samba e ritmos brasileiros em geral, usando o movimento de rotação do braço, sem uso dos dedos, nem pulso (no sentido up and down) e iniciando para direita e retornando para esquerda.

No 2º vídeo falamos, eu e Carlos, sobre maracatu e demonstrei os baques de arrasto e de marcação, variações de caixa, bumbos e o gonguê - sua conexão com a linha do tarol - que também toco com o pé esquerdo.




segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Maracatu Jazz: Onde estão os temas? Where are the melodies?



O maracatu segue sendo uma manifestação muito mais folclórica do que um gênero popular e as canções, em geral, são simples, com dois versos cantados em forma AABB, a 1ª vez cantada pelo mestre e a 2ª respondida pelo coro, ou ainda com trechos quase 'recitados'. Por essa razão há poucos temas conhecidos no repertório popular brasileiro.

“Maracatu”, de Egberto Gismonti é uma das maiores referências de um tema em ritmo de maracatu. Zé Eduardo Nazário é o baterista da gravação no álbum "Nó Caipira", 1978, e Nenê quem gravou "Sanfona", 1981, reunido em "Sanfona, Egberto Gismonti e Dança das Cabeças", 1986, pela ECM. Cada um toca de maneira muito particular e ambas gravações tornaram-se referências de maracatu na bateria. Sou um profundo admirador destes grandes bateristas e amigos e sugiro que você procure e ouça essas gravações inesquecíveis.

No player acima você pode ouvir o tema “Questão de Tempo” de CD do mesmo nome do grupo Terra Brasil. Ao lado, Marcelo, Antônio,  Zeli, autor do tema, Vitor e eu. Ricardo Garcia também faz percussão nessa faixa.

Na bateria, você vai ouvir uma das maneiras que toco maracatu na bateria e também conhecer a 1ª gravação onde usei cowbell no pé esquerdo tocando a linha do gonguê, uma tipo de cowbell do maracatu. Além da bateria, fiz overdub de mais uma caixa e um tarol (caixa mais aguda) tocando algumas de suas frases clássicas da tradição do maracatu, de certo ponto da improvisação até o retorno do tema A.

Harmonia modal, improvisações, texturas, timbres modernos e as melodias das partes A e B não tem nenhum compromisso com o aspecto melódico do maracatu tradicional. Maracatu jazz é a melhor definição que tenho para este tema, que me lembra o espírito dos ritmos brasileiros numa cidade como NY.

sábado, 1 de outubro de 2011

Feiras são grandes encontros – Brasil Expomusic 2011



Feira é um evento milenar na história do homem. De alimentos, artesanato, carros, música... Barulho, stands (ou barracas), comércio, apresentação de novos produtos, “trocas”, vendas, compras e novas relações comerciais se estabelecem assim como acontecem encontros com amigos e colegas de trabalho.

A Expomusic brasileira 2011 foi bem movimentada e com todas as características de uma feira acrescida de performances musicais que, em geral, tendem mais a exibições técnicas do que musicais, mas ainda assim divertidas. Eu mesmo toquei no stand da RMV - minha marca de bateria e peles - os play-alongs de meu livro, que estão espalhados pelo YouTube sendo tocados por muitos bateristas, e também toquei solos livres baseados em temas, grooves, ou em alguma “idéia musical”.

Foi muito bom e gratificante receber o carinho de muitos estudantes, professores e músicos em geral que conhecem e utilizam meu livro, ou conhecem meus CDs e gravações. Fiquei muito feliz ao ver quanta gente tem se beneficiado com meu trabalho didático e outros que acompanham minha carreira musical.

No player acima você pode ouvir Bluesamba, uma composição minha gravada no 5º CD do grupo Terra Brasil, “Questão de Tempo”, em uma interpretação bem aberta, estilo samba jazz dos anos 60. Nessa gravação fiz solo sobre todo o chorus da música (ciclo de 32 compassos; experimente manter a melodia da música viva cantando-a durante meu solo, pois foi isso que fiz, explorando seus  ritmos, os espaços entre eles e frases de samba que surgiam enquanto eu improvisava), e tem Vitor Alcântara, sax, Antônio Barker, piano, Marcelo Gomes, guitarra e Zeli, baixo acústico.
Essa música também é um dos play-alongs do “Novos Caminhos da Bateria Brasileira” que toquei na feira.