quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

BUMBO!!!

Numa vídeo-aula de Jack DeJonhette, o entrevistador pergunta como ele estuda bumbo e o mestre  simplesmente começa a tocar a levada básica do Jazz no prato, mas com o bumbo junto, tocando todas as notas. Então ele começa a variar e aumentar a quantidade de notas e diz que 'gosta de tocar frases completas com o bumbo...' Ouvir aquilo, naquela época, mudou meu jeito de pensar sobre bumbo e, claro, como praticar também.  Eu  vivia uma fase de estudar independências e não 'uníssonos rítmicos'.

Tecnicamente a ideia é fazer o bumbo trabalhar mais, com conceito de tensão no ataque e relaxamento em seguida, deixando que o pedal ajude seu pé a tocar quase sem esforço a(s) nota(s) pós acentos, sem  forçar  sua musculatura no começo. A prática deve ser com o pé no chão e erguendo com o pé somente o suficiente para o ataque, uma das técnicas de cada vez, buscando equilíbrio na base da coluna descansada sobre o banco. Em certo momento, ambas as posições poderão ser usadas e alternadas, que é o ideal. 

Abaixo estão sugeridos os exercícios mecânicos – 2, 3, 4 e mais a frase clássica associada à bossa nova - mas em minha coluna do dia 30/12 no site www.obaterista.com,  você vai encontrar frases interessantes para tocar e praticar esse técnica-conceito de bumbo. Não se preocupe com velocidade, que virá naturalmente com a prática. 
Qualquer dúvida ou querendo fazer aulas, dê um alô!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Bob's Pizza

Reunir os amigos músicos - aqui só bateristas - em fim de ano é uma prática muito boa para conversar um pouco sobre música, mas muito mais para curtir, falar bobagens e dar boas risadas. 

Estamos todos cansados, seja de trabalho, situações pessoais desgastantes, projetos que ainda não deram certo, expectativas por mudanças de alguma forma... Todos e em todas as áreas. 

Os anos não são arbitrários, nem os ciclos das estações, da lua, uma volta completa da Terra em torno do sol e nosso relógio interno é programado de acordo com tudo isso. Os excessos e picos de stress poderiam e podem ser evitados, afinal a vida, de fato não é longa 'enough' para refazer tudo que gostaríamos de ter feito, só que de outro jeito. 
É sempre para frente.

Bob Wyatt promove esse encontro do qual acabei de chegar. Bob é um super, super músico e uma pessoa gentil, inteligente e tem uma cultura jazzística verdadeira, de quem viveu e aconteceu nos EUA. Sorte nossa que ele escolheu o Brasil para viver. Na foto, ele é o primeiro do lado direito, em pé.

Fiquem ligados e não percam a oportunidade de vê-lo tocar!
Abaixo um link:

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ÉTICA - No fio da navalha


Ética é um conceito fundamental e gerador de procedimentos pessoais dentro de certa comunidade. Envolve honestidade, retidão, caráter, consciência, bom senso e uma silenciosa solidariedade. Invoca respeito pelo seu próximo, por suas obras, pelo que ele diz e produz. A margem de flexibilidade em uma conduta ética profissional é fina como o fio de uma navalha.

Parece que a extração, sem limite de quantidade, de material musical de um livro e sua inclusão em outra obra, não é considerado plágio, se o autor do primeiro for citado. Parece... Como se não bastasse, parece que a cópia literal do projeto didático (passo a passo) de um livro de ensino de música também não é considerado como plágio.

Tendo isso em mente, perguntei-me o que é um livro de aprendizagem musical que não as suas informações, a forma como se encontram organizadas e, finalmente, seu projeto didático. Quais as características que, de fato,  diferenciam um do outro...?

...Através da ética dentro de uma comunidade, de um meio profissional, é que zelamos uns pelos outros.
É dentro de cada um que 'nossos princípios' norteiam a coleção de valores que nos fazem ser quem somos. A “ética” é então vivificada pelas nossas atitudes e pela nossa conduta, dia após dia.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Maracatu no México




O grupo TACAP, Quinteto de Percussão da Amazônia, se apresentou no festival V PERCUSONIDOS, no México, em 2009, com Mark Duggan no vibrafone. No repertório, minha composição Dança do Maracatu foi incluída em versão interessante, com bastante percussão e improvisação jazzística.




segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Maracatu para Big Band


Uma nova versão de "Dá só uma Olhada", (antigo 'check this out', ganhou seu nome em português), tocado pela Big Band Fundação da Artes que dirijo há dois anos. Nessa noite recebemos o Nenê trio como convidado e abrimos com esse maracatu que compus e arranjei quando ainda morava nos Estados Unidos.

Nesse blog você pode assistir a "Dança do Maracatu", em versão play-along, com muitas interpretações pelo youtube, o maracatu-jazz "Questão de Tempo", de Zeli Silva, com o grupo Terra Brasil e agora a performance recente deste maracatu para Big Band.


                                                               "DÁ SÓ UMA OLHADA"



domingo, 16 de setembro de 2012

Samba Reagge e Samba de Roda

Em julho passado, fui convidado para dar um workshop sobre liderança de grupo de percussão no projeto Tamar em Arembepe, Bahia. Além de percussionistas que lideravam grupos, vieram mestres de diversas comunidades de cidades próximas e formou-se um grupo com gente de todas as idades. 
Decidi falar mais sobre arranjo e forma musical, o que seria importante para os percussionistas e para todos os envolvidos e, claro, poderíamos fazer algo juntos para tocar ao final. Trabalhei com o que eles trouxeram e com o que era natural para tocarem.


Começamos com uma canção que trouxe um dos mestres sobre uma base de samba reggae, alguma variação de instrumentação e uma ponte para preparar um samba de roda como 2ª parte do arranjo. Depois  a 1ª canção volta sobre o samba de roda, com sua dança solo no centro da roda, típica do gênero.
Introdução, 1ª canção em samba reggae, ponte, 2ª canção de samba de roda, 1ª canção sobre o samba de roda e coda de abraços, o que aconteceu espontaneamente.

 A beleza do local, você pode ver no vídeo abaixo e nas fotos que fiz. A energia musical foi muito intensa e o carinho da equipe do Tamar e dos participantes foi muito gostoso.



sábado, 1 de setembro de 2012

"Portas de Cascavel"

Abaixo o  vídeo de um show, Sergio Gomes e Convidados, em Cascavel, Paraná, 24/08/12. No baixo, Odilon de Carvalho; piano, Tiago Mineiro; sax, Rodrigo Nascimento. A música é "Portas de Parati", uma composição que fiz para meu 1º CD, Cidades Imaginárias.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Times Square



Sempre bom ver seu trabalho andando por aí, no Brasil, EUA, Europa e países asiáticos. Pode ser uma gravação, um CD, um livro, como esse da foto, feita em loja na Times Square, em NY, por Kim Pereira, grande baterista carioca  e meu parceiro de RMV drums.


No projeto de um livro, há muito mais a ser  apresentado do que informações  de qualidade. Isso é só o começo. Um livro envolve um proposta didática que o identifica e o diferencia dos demais. Se bons professores e boas escolas adotam um determinado livro, é certamente porque ele propõe um caminho de estudo que os ajuda a guiar o estudante, manter seu estudo organizado e abrir novas perspectivas sobre certo tema.

"Novos Caminhos da Bateria Brasileira" foi adotado por muitos professores e escolas de 1ª linha aqui no Brasil e no exterior, o que me deixa bastante satisfeito e entusiasmado com o interesse crescente pelo estudo da música brasileira por parte das novas gerações.
Abaixo, guia do workshop do Encontro de Bateristas de Cascavel, que farei no próximo fim de semana, dia 25 de agosto, 2012. Todos os exercícios estão no livro, mas aqui organizados para o Encontro. Em meu site www.sergiogomes.com, você pode assistir os ritmos e suas coordenações na seção de workshops e no site do evento http://www.bwacultura.com.br/encontrodebateristas/2012/, você pode fazer download destes estudos.




sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Big-Band e Nenê Trio


Em 21 de junho deste ano, 2012, a Big band da Fundação das Artes fez um concerto muito especial, tendo o Nenê Trio como convidado. Os arranjos eram do compositor e um dos maiores bateristas brasileiros, Nenê, sobre músicas de sua autoria.
Na direção da orquestra popular, outro baterista, compositor e arranjador, de forma que uma noite conduzida por bateristas. Meu trabalho foi o de entender as composições e de preparar o grupo para receber o trio, tocando as peças da melhor e mais musical maneira que pudemos.


O trio é formado por Alberto Luccas (esquerda), baixo acústico, Írio Junior (direita), piano e Nenê, bateria, composições e arranjos. Alberto e Írio são músicos excepcionais e formam com Nenê um trio de jazz brasileiro contemporâneo, que se comunica e arrebenta em improvisações modernas, ora na forma da música, ora num ciclo harmônico para criação. Abaixo, o vídeo de "Nem Tudo Está Perdido".

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cine-Cuba



Nunca comecei uma composição na bateria. Elas surgiram sempre a partir de ideias melódicas e estudos harmônicos que costumo praticar no piano. Só depois de passado algum tempo é que eu percebia com mais clareza o ritmo da nova composição e, claro, sempre estava relacionado ao que eu vinha estudando na bateria na ocasião. Com certeza, uma 'onda rítmica' já estava dentro de mim enquanto eu compunha, mas isto só ficava claro depois de algum tempo.
Uma vez que a música já estava mais desenvolvida, eu ia para bateria para desenvolver formas de tocar certo ritmo tradicional, variações afins e novas ideias. Estudar e se familiarizar com 'mundos musicais', que são os estilos e suas possibilidades, é ponto de partida para criação de ideias musicais que soem orgânicas e interessantes, tanto para a composição, como para os caminhos para tocar a bateria.

"Cine-Cuba" é um tema afro-cubano em forma clássica AABA, e como tal, apresenta grande contraste entre a 1º e o 2º tema. Na ocasião, eu estava estudando ritmos latinos e desenvolvendo a relação entre a clave composta do afro-cubano, ternária/ímpar, e da rumba, simples/quaternária. 
O termo 'Cine' nasceu da parte B da música tocada pelo piano em oitavas, que soa como a trilha sonora de um filme bonito, em contraste com o caráter dissonante da parte A, tocada pelo sax, ou sax/guitarra. 'Cuba' vem do ritmo afro-cubano tradicional, ou bembê.

Essa música está gravada no CD ‘Questão de Tempo’, 5º trabalho do grupo Terra Brasil. 
Visitem a Revista online www.obaterista.com/licoes, onde escrevo e há vários exercícios sobre o assunto.


Abraço, 
Sergio

domingo, 15 de abril de 2012

"Impressões" - Momento Inesquecível


Estudos diários, bateria, harmonia, aulas, arranjos, ensaios, grupos, workshops, shows, divulgação, carregar bateria, percussão...
Às vezes eu paro, olho e penso "que trabalho!" Depois de mais de 20 anos nessa trilha eu percebo que todo esse trabalho faz sentido quando toco um som bonito ou gravo algo que vai deixar marcas nos músicos e agradar apreciadores de música em geral.

Não é todo dia, claro, mas quando a música é boa e com músicos afins tudo parece mais claro e somem as dúvidas no ar. Não há um estilo definido, mas preferências pessoais, coerências musicais nas escolhas das notas e ritmos, na cor dos acordes e nas texturas que se criam. O CD "Impressões", com Sergio Rossoni Grupo foi um desses momentos especiais e que ficou gravado para ser ouvido, curtido e que sempre me leva àqueles meses de preparação, profunda amizade entre os músicos e resultados musicais que ficaram bons, com alma. Tudo tocado muito ao vivo, todos juntos, dois ou três 'takes' de cada música.

O CD nasceu a partir do encontro entre o fotógrafo Ricardo Burg com Sergio na exposição "Encontros com Brasil". Burg viajou 11 meses fotografando por todo o país e Sergio compôs cada música inspirada em uma seleção de fotos temáticas. O encarte com as fotos faz parte da obra, as composições guardam uma unidade em diferentes ritmos e uma atmosfera que se mantém das primeiras as últimas notas, um trabalho muito inspirado do  Sergio Rossoni (foto ao lado) nas composições e guitarra. 
No CD, Marcelo Mainieri, baixo, José Pena, flauta, Léo Mitrulis, piano e eu na bateria e percussão.


Selecionei três músicas para você que acompanha meu blog. 
Um abraço,
Sergio

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Nos Bastidores dos Tambores


Encontrei um filmagem feita algum tempo atrás por um amigo, Daniel, que na época era meu aluno. Ele costumava ir aos shows do meu quinteto com uma câmera e filmava para que depois pudéssemos assistir, comentar e também porque ele curtia 'filmar'. Nesse vídeo abaixo, ele ajeitou a câmera ao meu lado, de forma que só dá para me ver e, às vezes, um pouco o Robertinho Carvalho, no baixo.


O resto da banda pode ser ouvida, claro, e sentida através das minhas expressões, pelo modo como reajo (ou não) ao que eles estão propondo musicalmente. "Eles" são Moisés Alves, piano, Vitor Alcântara, sax soprano e Anderson Quevedo, sax alto. Grandes músicos/amigos e que me desculpem pela ausência de suas imagens. A música é "Cidades Imaginárias" e nenhum nós se lembrou da câmera, então é tudo muito espontâneo.

Para os bateristas, há diversas levadas de baião que faço no Hi-hat, pratos (cymbals), agogô com mão direita, ambas as mãos na caixa (snare drum), movimentação do chimbal (Hi-hat) e cowbell com o pé esquerdo e diferentes 'fills'. Depois de conhecer a música, seu tema e motivos, observem que desenvolvo o solo inicial sobre o motivo central do tema.
Nos bastidores do tambores, aquele área que o público quase não vê, concentração nos solos, convenções, nos músicos e em como contribuir para que a música fique sempre mais bonita de se ouvir.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"Medusa" - Música e Grupo


O samba que você está ouvindo agora (player acima) chama-se "Medusa" e compus inspirado pelo trabalho do grupo  instrumental brasileiro de mesmo nome e que foi muito importante no começo dos anos 80. Com Amilson Godoy, piano, Claudio Bertrami, baixo, Chico Medori, bateria, Heraldo do Monte, guitarra, Théo da Cuíca e Jorginho Cebion, percussão, em sua primeira formação, o grupo  produzia um som moderno, brasileiro, com muitas convenções e seções para solo de todos os integrantes. 

Em 1981 lançou seu 1º disco, "Medusa" e, em 83, sem Jorginho e com Olmir Stocker na guitarra, o grupo lançou "Ferrovias", seu segundo e último disco. A cuíca de Théo dobrava melodias em certas seções e era uma presença marcante no som do grupo. Inspirado por ela e por todo som que esses grandes músicos produziram naquela ocasião, compus "Medusa" que está em meu CD solo "Cidades Imaginárias" (disponível para compra online: http://www.cdbaby.com/Search/Y2lkYWRlcyBpbWFnaW5hcmlhcw==/0 ) dedicado ao grupo. Para ouvir o grupo Medusa: www.myspace.com/grupomedusa

Na música, o contra-baixo toca a frase de 'centro', que tanto funciona como 'introdução', como base sobre a qual toda a parte 'A' da música foi desenvolvida. Trata-se de um ostinato (frase ou célula musical que se repete) que foi desenvolvido a partir de uma frase de samba da "velha guarda da mangueira" e que depois percebi ser também uma frase tética e tradicional  de samba, como um telecoteco enxuto, com menos notas duplas, começada com antecipação de uma semicolcheia. 
Abaixo você pode ver a frase com antecipação (1) e a frase de samba tética (2). É legal pensar sobre e se divertir com esse deslocamento tocando em seu instrumento.

Abaixo e a direita a frase melódica do baixo em Cm (Dó menor) numa composição que caminha para EbM (Mi bemol maior) na parte 'A' e que usa exatamente o ritmo da frase antecipada.

Na cuíca, o percussionista "Ligeirinho", que tocou a cuíca solo e outros instrumentos de samba na seção de solo de flautas (aguda em C, Celso Marques; grave em G, Mário Aphonso III) + percussão + bateria, sem harmonia, só a conversa melódica entre as flautas e o ritmo. No baixo, Robertinho Carvalho, piano, Moisés Alves e eu na bateria e percussão.  O contraste proposto entre as as partes A (em modo menor sobre o ostinato do baixo com bumbo só no 2º tempo) e B (modo maior em samba mais solto) somado às longas seções de introdução com cuíca solo dão a composição cores e climas diferentes.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Telecoteco - "Tipo uma Clave"

...Continuando o papo via facebook com meu amigo Geraldo, de Chicago.


  • Oi Sergio, agora vi sua resposta... vou pesquisar... maravilhosa sua explicação e, mais ou menos, o que eu pensava. Por já morar nos eua por mais de 30 anos, estou bem familiarizado com a música cubana, e sei muito distinguir as diferentes claves (3/2 e 2/3). Quer dizer que no Brasil poderíamos considerar o teleco teco como um tipo de clave e, a exemplo da música de Cuba, ele poderia começar tanto com anacruse quanto na cabeça do compasso (1º tempo), dependendo da melodia, certo?? Abraço.


    Oi, Geraldo, tudo bem?

  • Sim, eu acredito que podemos pensar no telecoteco como um "tipo de clave", uma linha guia definida pelo ritmo da melodia e que gera a tipologia de frases a serem tocadas. Começar na cabeça ou uma semicolcheia depois e a consequente inversão de frases é decisiva, como você bem sabe. 

    A música começar com anacruse ainda não define a frase, como nos exemplos que dei na postagem anterior, ambas a partir do impulso (Arsis) do ritmo, que chamamos anacruse, mas "Samba de Uma Nota Só" confirma a cabeça do tempo e "Piano na Mangueira" antecipa a entrada em uma semicolcheia, uma colocação tão clássica no samba (tocado com mais liberdade), como o '4e' do Jazz.
    É preciso ouvir e sentir como a melodia caminha. Para um músico com sua experiência, isto é super natural, e acredito que para sua aulas, esse conceito pode ser bastante útil.

    Uma última colocação é o que uma melodia que começa depois do 1º tempo, chamada de ritmo Acéfalo (nome horrível!), tende a configurar o telecoteco invertido, off the beat, "carioca", ou simplesmente telecoteco. Um bom exemplo é "Folhas Secas", de Nelson Cavaquinho, para o qual fiz arranjo para Big Band que você pode assistir abaixo.
    Big da Fundação das Artes de São Caetano em apresentação na Faculdade Santa Marcelina, em outubro de 2011. Repare que o pandeiro começa e em seguida o tamborim toca o telecoteco começando na 2ª semicolcheia,  após o 1º tempo, assim como a melodia. Tivemos Mário Chechetto como convidado no sax tenor.
    Grande abraço,
    Sergio

    domingo, 22 de janeiro de 2012

    Telecoteco por email - Para pensar e tocar


    Recebi esse email semana passada e achei interessante trazer ao blog a conversa sobre o tema.
      
    Oi sérgio, tudo bem? Feliz ano novo!
    Aqui escreve Geraldo de Oliveira, percussionista de Belo Horizonte radicado em chicago desde 1975.
    Gostei muito do seu livro "new ways of brazilian drumming".  Muito bom mesmo!
    Tenho uma pergunta pra você. 
    Já há vários anos venho ensinando percussão de 






    samba nos EUA e uma das frase rítmicas que mais me intrigam é o famoso teleco teco. Veja em anexo uma folha que criei para meus estudantes (trecho reproduzido abaixo). Nela explico com detalhes como funciona o teleco teco nas escolas de samba, com a famosa introdução especial seguida da frase rítmica.

    Observei no seu livro que você escreve o teleco teco da forma que a gente aprende e canta, com as duas colcheias no primeiro tempo do compasso, ao invés da síncope iniciada com a pausa de semicolcheia (no seu caso terceiro tempo do compasso).
    Você poderia me explicar a diferença?  Estou um pouco confuso com a notação musical correta, pois já encontrei das duas formas em várias publicações. O pessoal das escolas de samba juram que estão certos, inclusive meu amigo Mestre Odilon.
     Agradeceria muito qualquer ajuda que pudesse prestar nesse sentido.

    Obrigado,
    Geraldo.

    Oi Geraldo,
    Por aqui tudo bem e espero que com você também.
    Fico muito feliz que você tenha gostado do livro e que ele esteja sendo útil em seu trabalho.
    Li o que você me enviou e vi o que chamo de telecoteco invertido, caracterísco do samba carioca, das canções de compositores como Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho, Cartola e tantos outros.
    Não é possível e nem interessante generalizar que o "samba carioca é assim e o samba paulista é deste outro jeito", mas em diversas composições de Adoniran Barbosa, grande expoente do samba paulista, o telecoteco é tético, começa na cabeça do tempo, e isso é definido pelo ritmo da melodia e  reforçado pelo movimento do bloco harmônico. Ouvindo sambas de um mesmo compositor como Tom Jobim é possível perceber o movimento de uma ou outra frase como matriz, não necessariamente executadas na íntegra. "Samba de uma Nota Só" é um bom exemplo de uma frase que inicia e cadencia para a cabeça do tempo (on the beat) e "Piano na Mangueira", um samba "carioca" clássico (off the beat). 

    Em conversa com Oscar Bolão, ele me disse que quando você simplesmente tenta encaixar uma levada num samba que pede a outra, você tende a mudar naturalmente, ou soa literalmente 'atravessado'. Ele está certo, claro, mas segue a questão de qual das duas é o telecoteco?
    As duas, na minha maneira de ver. Ao lado o telecoteco e o telecoteco invertido e abaixo duas outras frases que estabelecem a mesma relação de "inversão". 
    Pode ser questionado? Sim, mas não acho muito produtivo. O fato é que há diferentes tipos de samba mais característicos dessa ou daquela área com seus diferentes estilos. 
      
    Um paralelo com as claves latinas pode ser ilustrativo. Qual a rumba clave original, 3-2 ou 2-3?
    *A son clave mais clássica é a 3-2, que tem a frase quaternária (normalmente escrita em dois compassos de 4) começando na cabeça do 1º tempo, típica do bolero e usada no samba canção desde os anos 50 na música brasileira. Em geral, a tética tende a ser referência para sua inversão.
    *Perguntei a Horácio Hernandez como saber qual das claves usar e ele pôs o dedo no ouvido, respondendo com o gesto que 'só ouvindo' para sentir e saber o que tocar.

    Só pra finalizar, conheço e uso o "Batuque Carioca" do mestre Odilon e tenho grande respeito por ele, que é uma autoridade no samba. Isso não está em discussão de maneira nenhuma.
    De qualquer forma, há áreas de imprecisão na 'academização da cultura popular'. Conhecê-las e seguir pesquisando é o mais legal, pois podem surgir novas ideias musicais, para tocar, compor e arranjar.

    Meu site (www.sergiogomes.com) abre com um solo sobre o 'telecoteco invertido' com a 'clave da bossa' nova no pé esquerdo... Nossa quanta terminologia, né não?
    Espero ter ajudado e um feliz 2012 para você também.

    Abraço,
    Sergio