segunda-feira, 11 de abril de 2011

Jazz nos Fundos - Felix Astor e banda
Aprendendo (?) a ouvir Jazz


Assistir a um show bom é sempre muito bom. Ver e ouvir músicos bons tocando é sempre muito "bons" também. Oito de abril, 6ª passada, fui ao Jazz nos Fundos, uma casa noturna moderna e com diferenciais interessantes, como, por exemplo, um sinal que toca para anunciar o começo do show e elegantemente convida, através de uma gravação, que as pessoas respeitem aos músicos e ao público, falando baixo ou se afastando do palco quando quiserem realmente conversar... http://jazznosfundos.net/

O show da noite era de um amigo especial, Felix Astor, um grande baterista de jazz alemão e que tem um trabalho de pesquisa verdadeiro com a música brasileira. Além de conhecer os principais ritmos, ele toca percussão, fala português, toca e canta um repertório de mais de 100 músicas (sambas e bossas) ao violão. (www.felixastor.de) Determinação e dedicação total, Felix já viveu por duas vezes no Brasil e nessa última visita formou uma banda com Gabriel Improta, excelente violonista e compositor carioca, Zeli Silva ao baixo e Antônio Barker ao piano, ambos com carreiras notáveis como solistas e acompanhantes e, com os quais trabalhei vários anos no grupo de jazz brasileiro “Terra Brasil”, duas vezes indicado ao Latin Grammy. No repertório da noite, músicas próprias e temas como “Corrupião”, Edu Lobo, “Nanã”, Moacir Santos, uma versão em samba de “Well, You Needn't”, de Thelonious Monk, “Amazonas”, João Donato, entre outras. Assista a primeira entrada através desse link: http://www.ustream.tv/recorded/13866710

Eu estava com um grupo de amigos, alguns músicos, outros não. Com um deles, que trabalha na área de administração, surgiu o papo sobre o jazz, seus fundamentos e procedimentos. Como os músicos, de repente, terminam juntos, como ‘floreiam’, termo que usou se referindo à improvisação e depois, misteriosamente, a ‘música’ (ele se referia à melodia) aparece de novo. Gestos e olhares entre os músicos que decidiam o rumo do ‘arranjo’, essas coisas todas que permitem que músicos de qualquer parte do mundo que compartilhem desse universo e seus códigos, possam fazer música juntos. Como esse meu amigo conhecia a melodia de “Amazonas”, eu segui cantando para ele a melodia enquanto os improvisos aconteciam e ele percebeu o movimento das partes, a harmonia diferenciada da parte (B) da música, tudo sem nomes e especulações teóricas que cabe a nós, músicos, fazermos. No intervalo eu comentei sobre a forma AABA daquela música e um pouco sobre procedimentos usuais na prática jazzística. A maneira como ele começou a ouvir o som se transformou completamente e podia sentir quando um dos músicos iria terminar seu solo, o outro começar, quando a melodia voltava e, fundamentalmente, que o ciclo harmônico girava sem parar, estabelecendo limites que, de fato, tornam infinitos os desafios para os músicos.

Interesse e prazer passam, eventualmente, pelo entendimento... e tudo isso numa conversa de bar.

2 comentários:

  1. Acho muito engraçado a maneira como costumamos desfazer das nossas "conversas de bar". E olha essa: alguém aprendeu sobre jazz e suas formas numa mesa de bar!

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  2. Com certeza, André, nas nossas "conversas de bar", falamos sobre temas diversos e, além de fazermos a manutenção do nosso jeito bom e brasileiro de ser, aprendemos coisas das quais não vamos nos esquecer. Abraço

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