domingo, 26 de junho de 2011

Renato Santoro: partindo cedo demais

De tempos em tempos, nas infinitas comunidades que se formam por companheiros de trabalho somados a amigos e familiares, alguém adoece e normalmente as enfermidades são superadas pelo labor silencioso e incansável que a vida faz em pró de sua própria continuidade. Às vezes, porém, surge uma doença forte o suficiente para interromper uma história, como se inacreditavelmente os atores parassem uma cena no meio da peça e o teatro inteiro caísse sobre nossas cabeças.

De tempos em tempos, algum entre nós tem de partir e seguir viagem em itinerário que nos não foi dada a oportunidade de conhecer, pelo menos não enquanto uma verdade estabelecida e aceita pela maioria.
Domingo, 19 de junho de 2011, Renato Santoro, um amigo querido por muitos, músico, filho, marido, pai e por vinte anos professor da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, nos deixou e seguiu viagem, ficando um vazio cheio de tristeza, especialmente para sua família e seus amigos mais próximos.

Todos nós sabemos que um dia vamos partir e deixar essa realidade que chamamos “vida”, mas quando a partida acontece de forma precoce por razões que, mais uma vez que nos fogem à compreensão, o pesar é bem mais profundo do que quando os ciclos naturais são cumpridos. Infelizmente, doenças acontecem premeditando despedidas e despedaçando corações.

Felizmente, aprender a amar, em todas suas infinitas formas é sempre a maior entre todas as lições na escola da vida. A despeito do que se fala, não chegamos nem partimos sozinhos. Pelo contrário, a essência maior de viver é conviver e de fazer música é tocar em grupo...

3a feira, 21 de junho de 2011, os grupos que Renato Santoro dirigiu nesse semestre (http://www.youtube.com/watch?v=fzj59bwcOjg&feature=related) e a Big Band que dirijo na Fundação das Artes se apresentaram em um concerto dedicado a Renato. Na 1ª parte cada um dos cinco grupos tocou duas músicas e na 2ª a Big Band com Felipe Salles como convidado apresentou cinco peças. Todas as músicas, arranjos, todos os gestos, cada nota e cada ritmo que tocados naquela noite foram uma homenagem ao nosso amigo Renato Santoro. Toda energia que fomos capazes de produzir e toda alegria que fomos capazes de despertar no público, ainda que nesse momento machucado, mas já precocemente saudoso, foi dedicada a Renato e a sua família.

Abaix Eder Sandoli e Renato com seu 'Duo Quase Acústico' tocando "Linha de Passe"de João Bosco. Muito mais pode ser ouvido em seu link:




  27 de junho de 2011,
 Um grande abraço para o Renato 
e para todos  aqueles que lhe são caros.

      Com amor, Sergio



segunda-feira, 6 de junho de 2011

Play-alongs podem ser muito úteis!

Play-alongs começaram a ser usados como recurso pedagógico no processo de aprendizagem e prática de instrumentos musicais desde fim dos anos 70 e hoje fazem parte de qualquer programa de ensino em escolas, conservatórios, no ensino superior e em aulas particulares. Bom sempre ter em mente que uma gravação com uma pista livre, não importa para qual instrumento é um meio e não um fim, um momento de prática e aperfeiçoamento para, de fato, tocar. Com o play-along de um tema latino, pop, jazz e mais recentemente em temas brasileiros, o músico pode repetir diversas vezes uma faixa experimentando conduções diferentes, frases diferentes em solos e o grupo não reclama com ele...

Por outro lado, no caso do jazz enquanto abordagem estilística, com improvisação e interação entre o grupo a cada instante, é preciso estar atento para que o treinamento com play-along não desenvolva uma percepção um tanto isolada e dificulte a conversa musical, um dos grandes prazeres do músico, da música e do público conectado. Na verdade essa conversa no que diz respeito à música ao vivo, shows e apresentações acontece em qualquer estilo, mas com critérios diferentes. 

Ao mesmo tempo, os play-alongs são ótimos para um workshop aonde a participação de um grupo não seja possível em função da estrutura do evento. Muitas vezes não há dinheiro suficiente para o cachê, alimentação, hospedagem e transporte de uma banda, então levar gravações em um ipod certamente vai criar a oportunidade de mostrar os ritmos e conceitos que estão sendo tratados no workshop. Além disso, o público não ouviu as gravações tantas vezes quanto o professor/artista e então a sensação mágica de uma apresentação musical é criada muito mais em função da energia do artista/professor.
Play-alongs podem ser muito úteis!

Abaixo, dois play-alongs de meu livro "Novos Caminhos da Bateria Brasileira", tocados em São João da Boa Vista, 28 de maio de 2011. Primeiro Dança do Maracatu, em seguida Bluesamba, ambas com várias interpretações de bateristas de diversas partes do Brasil, postados no youtube.

Quando puder, visite meu site www.sergiogomes.com e veja vídeos das mesmas músicas tocadas em grupo e sinta  diferenças de andamento, energia e comunicação entre os músicos. 




quarta-feira, 1 de junho de 2011

6º Encontro de Bateristas de São João da Boa Vista


Dia 28 de abril, toquei no 6º Encontro de Bateristas de São João da Boa Vista, cidade a pouco mais de 200 km de São Paulo. O idealizador e realizador do evento é Henrique Mérida, grande baterista e músico com formação musical consistente. Educador muito em dia com todos os movimentos do mundo da bateria, Henrique dirige um escola aonde vem formando bateristas de qualidade, muitos dos quais pude ver e ouvir tocando no próprio dia do evento. Além de Henrique, se apresentaram dois outros artistas do time da RMV, Fernanda Fight e eu, que mostrei parte de meu trabalho de pesquisa com os ritmos brasileiros, numa tarde mais de solos e play-alongs do que exercícios e explicações.

Não pude deixar de me lembrar do Cascavel Jazz Festival, realizado pelo baterista William Fischer, onde estive com o grupo instrumental Terra Brasil, alguns anos atrás. O evento começou como um encontro e concurso de bateristas e foi se desenvolvendo na medida em que o retorno de público foi crescendo e novos patrocinadores se interessaram em apoiar a iniciativa sonhadora de uma só pessoa. Em São João, o processo é muito semelhante e se aquele que sonhou e se dedicou muito para realizar um evento artístico e cultural em sua cidade tivesse que interromper seu trabalho por algum motivo, “um abraço”, o 6º Encontro de Bateria de São João da Boa Vista não teria acontecido e em Cascavel, o encontro/concurso não teria se tornado um festival com a participação de alguns dos mais conhecidos músicos do país.

Quero deixar aqui meus “Parabéns” para Henrique, William, Vera Figueiredo (www.verafigueiredo.com.br) e todos aqueles que se dedicam à realização de eventos culturais de qualquer natureza em sua cidade, movimentando a cena, contribuindo positivamente para sua comunidade e estimulando o aparecimento de futuros artistas, que talvez nunca sonhassem com essa possibilidade.

Abaixo um solo aberto sobre tema de samba rápido que fiz na abertura da minha participação. É longo...


Ainda tive um prazer especial ao estrear minha nova bateria RMV, (foto ao lado) bumbo de 18/16", médio-agudo, com peso e definição muito bonitos, cor madeira natural super elegante e tambores curtos, 10/8", 12/8", 14/13", porém profundos e ressonantes na medida certa. Caixa de madeira, 14/6", com muita  sensibilidade de esteira ainda que com afinação média que eu uso. As peles porosas (coated) da RMV em todos os tambores, incluindo o bumbo.