
“Miles Davis, em sua autobiografia, disse que você é o baterista mais profundo com quem ele já tocou”, eu disse quando Mr. DeJonhette seguiu: “Miles é um grande amigo e um grande músico também. Aprendi muito com ele, desenvolvi muito minha percepção inspirado na visão dele. Também aprendi o que não fazer”. Num outro trecho da entrevista eu perguntei sobre solos: “(...) Num standard, por exemplo, muitos pensam sobre a melodia, outros sobre quadraturas de quatro ou oito compassos... Em que você pensa?”. “Penso sobre frases, melodia, ritmo, som, cores... Penso sobre tudo isso”. Eu tinha a sensação que sua resposta seria assim: ampla e vaga, mas perguntar não ofende, não é mesmo?
O momento mais marcante foi quando ele falava sobre seu interesse em ritmos latinos, pelo estudo de claves e comentei que o samba, assim como o jazz não tinha uma clave, mas ele imediatamente disse: “Oh! O jazz tem clave sim. O jazz, o swing vem da África, do 6/8 (batucando na mesa), 6/4 na verdade...”
Eu transcrevi o que ele batucou na mesa (parte acima), uma variação do Bembe, 12/8 enquanto frase quaternária, mais normalmente chamada 6/8 como natureza de subdivisão ternária interna de cada pulso, o que chamamos de compasso composto na teoria musical brasileira. Enquanto batucava o afro-cubano ele batia o pé direito no chão (bumbo) e o esquerdo nos tempos 2 e 4 (Hi-hat). Então começou a cantar um Tin Tinti Tin, o prato do jazz, mantendo o bembe e incorporando-o ao jazz...
Eu transcrevi o que ele batucou na mesa (parte acima), uma variação do Bembe, 12/8 enquanto frase quaternária, mais normalmente chamada 6/8 como natureza de subdivisão ternária interna de cada pulso, o que chamamos de compasso composto na teoria musical brasileira. Enquanto batucava o afro-cubano ele batia o pé direito no chão (bumbo) e o esquerdo nos tempos 2 e 4 (Hi-hat). Então começou a cantar um Tin Tinti Tin, o prato do jazz, mantendo o bembe e incorporando-o ao jazz...
Por trás de um 4/4 de jazz há uma tribo africana tocando ritmos compostos, matrizes do afro-cubano de subdivisões ternárias. Dentro de cada semínima vivem três notas, fazendo com que o grupo binário seja pronunciado de forma ternária, a famosa colcheia do jazz, com “swing”. Ficam questões como: qual o conceito de clave para Mr. DeJonhette? Nesse sentido, qual é a clave do samba? O samba ou o baião tem claves?
Dá o que pensar, não é verdade? Mas vamos deixar essa conversa sobre o conceito de clave para outra postagem.