segunda-feira, 2 de maio de 2011

Tocando Jazz em Samba: Conexão com o Público


Fazer um arranjo que proponha a mudança do ritmo de uma música de seu estilo original para outro pode ser interessante musicalmente e, em certos contextos, ajudar a estabelecer mais conexão com o público. Ainda que a harmonia, o ciclo de acordes que é o corpo da “voz” chamada melodia seja mantida, o ritmo que é sua “estrutura óssea” toma novos rumos agora que inserido numa outra “natureza” de subdivisões. No standard de jazz “Yesterdays” (vídeo abaixo), um arranjo simples que fiz baseado na mudança rítmica do jazz e sua natureza de subdivisão ternária para samba e sua natureza quaternária, com alguns deslocamentos do ritmo da melodia, convida os músicos improvisadores e todo grupo a uma brincadeira musical que demanda conhecimento de ambos os estilos.

O outro ponto a que me referi é a conexão que se estabelece com o público. Para o músico ou grupo de jazz que quer ampliar esta ligação, tocar músicas que todos conhecem em determinada cultura é uma das maneiras de fazer isso acontecer. A reação do público é imediata, como nesse show em Indiana, nos EUA, quando o standard de jazz  Yesterdays de Jerome Kern (não confundir com a linda balada “Yesterday” dos Beatles) foi tocada  em sua forma original e em seguida em sua ‘nova roupa tropical’. A conexão com o público é muito importante e sem ela parte da mágica se perde, uma vez que a música que um grupo (ou um solista) produz não vai até o coração das pessoas e retorna criando um movimento em espiral de energia positiva. Parece conto de fadas, mas não é... Afinal há algum músico no mundo que queira tocar para uma sala vazia? Algum grupo que quer mais gente no palco do que na audiência?


O vídeo: Tom Walsh ao sax tenor, Jeremy Allen, baixo, Marcelo Gomes, guitarra, e eu na bateria em Bloomington, 08. A câmera estava um pouco distante, então o nível de ruído está muito mais alto do que ao vivo, no momento em que tocávamos.  Reparem na primeira exposição muito bonita do tema em bloco, com muita flutuação rítmica feita por Marcelo e com o Jeremy já em walking bass. Então, tocamos o tema mais uma vez já em samba, seguido de improvisação do sax, baixo e um ‘chorus’ de bateria para a volta do tema. Enjoy!

Nenhum comentário:

Postar um comentário