quarta-feira, 13 de julho de 2011

Alex Acuña: A música é um presente divino

"Reconheçam o presente que é a música. Tenham perseverança e disciplina. Essa última ajuda na formação do caráter do homem que é correto e sabe se comunicar. Saibam amar o próximo, a música, seus instrumentos e sigam seus sonhos firmemente. Pratiquem, escutem todo tipo de música e aprendam um instrumento melódico. A idade não importa, pois a música é um presente divino para os homens”.

Essa foi a resposta de Alex Acuña a “que dicas você daria para que jovens músicos caminhem rumo ao sucesso pessoal e profissional”, em entrevista que realizei em novembro de 2000, (Batera&percussão nº39) quando era editor da revista... É só por numa moldura e pendurar nas paredes das escolas de música, para inspirar o estudante e ajudá-lo a recordar 'o quê  ele está fazendo ali'.

Alex Acuña nasceu no Peru e com dezoito anos foi para os EUA com Perez Prado. Depois viveu em Porto Rico e me disse tocar profissionalmente desde os dez anos de idade, percussão e bateria com a “mesma atitude” em suas palavras. Adora música brasileira e sabe como tocar: “quando se gosta de uma música é fácil aprendê-la”, disse.
O grande marco em sua carreira profissional no universo do jazz norte americano foi o convite de Joe Zawinul para tocar com o incrível grupo Weather Report, em 1975.

Com o sucesso vieram outros desafios: “vivemos uma vida muito obscura e estive à beira da loucura nessa época, mas felizmente tive olhos para ver e ouvidos para ouvir que Deus queria minha vida para engrandecer sua existência. Se não tivesse “ouvido” não estaria aqui para “ver” tudo isso”, como  aconteceu com Jaco (Pastorius). Perguntei de que forma a religiosidade influenciava sua música e se existia uma religião específica e ele disse: “não é uma religião, mas uma relação. Está no meu coração e só”.

Alex disse que em casa estuda o que 'não sabe', o que tem de praticar e melhorar. Sobre a nova geração de músicos disse gostar muito de aprender quando surge um jovem músico tocando coisas novas, mas que, por outro lado, não gosta daqueles que imitam os grandes como Steve Gadd ou Dave Weckl. Alex tem grande consideração por Horácio Hernandez (estive com ele e fui super influenciado pela sua concepção de claves e pelo seu amadurecimento ao tocar simples e adequadamente 'quando a música pede' ainda que com todos os seus recursos, mas isso fica para outra postagem...) e Julio Barreto. 

Tive a oportunidade de me encontrar com muitos bateristas e percussionistas durante essa época e, claro,    recebi coisas boas de todos eles. Naturalmente me encantei mais com uns do que com outros, e assim são os encontros entre pessoas. Encontrar e conviver por algumas horas com Alex Acuña foi uma experiência diferenciada, sem a vaidade e o orgulho presentes em todos nós em maior ou menor grau. Foi um contato profundo e da qual sempre me recordarei.
Abaixo um vídeo com Acuna, Hoff, Mathisen Trio e outro 'quebrando tudo' em instrumentos de percussão e chegando até a bateria.





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