sábado, 25 de fevereiro de 2012

Nos Bastidores dos Tambores


Encontrei um filmagem feita algum tempo atrás por um amigo, Daniel, que na época era meu aluno. Ele costumava ir aos shows do meu quinteto com uma câmera e filmava para que depois pudéssemos assistir, comentar e também porque ele curtia 'filmar'. Nesse vídeo abaixo, ele ajeitou a câmera ao meu lado, de forma que só dá para me ver e, às vezes, um pouco o Robertinho Carvalho, no baixo.


O resto da banda pode ser ouvida, claro, e sentida através das minhas expressões, pelo modo como reajo (ou não) ao que eles estão propondo musicalmente. "Eles" são Moisés Alves, piano, Vitor Alcântara, sax soprano e Anderson Quevedo, sax alto. Grandes músicos/amigos e que me desculpem pela ausência de suas imagens. A música é "Cidades Imaginárias" e nenhum nós se lembrou da câmera, então é tudo muito espontâneo.

Para os bateristas, há diversas levadas de baião que faço no Hi-hat, pratos (cymbals), agogô com mão direita, ambas as mãos na caixa (snare drum), movimentação do chimbal (Hi-hat) e cowbell com o pé esquerdo e diferentes 'fills'. Depois de conhecer a música, seu tema e motivos, observem que desenvolvo o solo inicial sobre o motivo central do tema.
Nos bastidores do tambores, aquele área que o público quase não vê, concentração nos solos, convenções, nos músicos e em como contribuir para que a música fique sempre mais bonita de se ouvir.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"Medusa" - Música e Grupo


O samba que você está ouvindo agora (player acima) chama-se "Medusa" e compus inspirado pelo trabalho do grupo  instrumental brasileiro de mesmo nome e que foi muito importante no começo dos anos 80. Com Amilson Godoy, piano, Claudio Bertrami, baixo, Chico Medori, bateria, Heraldo do Monte, guitarra, Théo da Cuíca e Jorginho Cebion, percussão, em sua primeira formação, o grupo  produzia um som moderno, brasileiro, com muitas convenções e seções para solo de todos os integrantes. 

Em 1981 lançou seu 1º disco, "Medusa" e, em 83, sem Jorginho e com Olmir Stocker na guitarra, o grupo lançou "Ferrovias", seu segundo e último disco. A cuíca de Théo dobrava melodias em certas seções e era uma presença marcante no som do grupo. Inspirado por ela e por todo som que esses grandes músicos produziram naquela ocasião, compus "Medusa" que está em meu CD solo "Cidades Imaginárias" (disponível para compra online: http://www.cdbaby.com/Search/Y2lkYWRlcyBpbWFnaW5hcmlhcw==/0 ) dedicado ao grupo. Para ouvir o grupo Medusa: www.myspace.com/grupomedusa

Na música, o contra-baixo toca a frase de 'centro', que tanto funciona como 'introdução', como base sobre a qual toda a parte 'A' da música foi desenvolvida. Trata-se de um ostinato (frase ou célula musical que se repete) que foi desenvolvido a partir de uma frase de samba da "velha guarda da mangueira" e que depois percebi ser também uma frase tética e tradicional  de samba, como um telecoteco enxuto, com menos notas duplas, começada com antecipação de uma semicolcheia. 
Abaixo você pode ver a frase com antecipação (1) e a frase de samba tética (2). É legal pensar sobre e se divertir com esse deslocamento tocando em seu instrumento.

Abaixo e a direita a frase melódica do baixo em Cm (Dó menor) numa composição que caminha para EbM (Mi bemol maior) na parte 'A' e que usa exatamente o ritmo da frase antecipada.

Na cuíca, o percussionista "Ligeirinho", que tocou a cuíca solo e outros instrumentos de samba na seção de solo de flautas (aguda em C, Celso Marques; grave em G, Mário Aphonso III) + percussão + bateria, sem harmonia, só a conversa melódica entre as flautas e o ritmo. No baixo, Robertinho Carvalho, piano, Moisés Alves e eu na bateria e percussão.  O contraste proposto entre as as partes A (em modo menor sobre o ostinato do baixo com bumbo só no 2º tempo) e B (modo maior em samba mais solto) somado às longas seções de introdução com cuíca solo dão a composição cores e climas diferentes.