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Chucho's Steps - novo CD |
Chucho Valdés, líder do grupo Irakere e ministro da cultura em Cuba nos anos 90, me disse numa conversa informal que “todo músico cubano toca percussão”. Todos os músicos, certamente cada qual em seu nível devido à sua especialização, mas todos com noções claras dos ritmos cubanos, o maior patrimônio de sua música.
Como professor de música no ensino superior por 15 anos, penso que o curso de música (popular ou erudito) deveria ter um ano de piano e um ano de percussão como matérias curriculares, não optativas, para todos os estudantes. Mas, independente disso, o que de fato, sempre me deixou curioso é, em geral, a falta de interesse do baterista – e não importa o estilo com o qual trabalhe – em relação à percussão brasileira, seus instrumentos, combinações, sua diversidade incrível. É preciso tocar os instrumentos, pandeiro, zabumba, berimbau, tamborim (e por aí vai...)? Não.
Não é questão de ser preciso ou necessário para o baterista que quer tocar samba, por exemplo, tocar todos os instrumentos de uma escola de samba. Estou falando sobre conhecer a nossa própria tradição, nossa história, um pouco do itinerário dos ritmos brasileiros, suas principais linhas e funções dentro dos grupos de percussão onde foram desenvolvidos. Estou fazendo uma reflexão sobre perceber a conexão entre a bateria e a percussão, esse luxo, essa riqueza, esse patrimônio que pessoas no mundo inteiro admiram e querem aprender, e que alguns de nós, músicos brasileiros, bem, não estamos tão interessados assim.
Viver quatro anos nos EUA (2006-2010), aonde ser um especialista em música brasileira tornou-se minha profissão, fortaleceu minha visão do "produto" que é nossa música na 'América' e na Europa. Quando eu falava que era baterista e brasileiro, era sempre motivo de alegria e de muita expectativa para saber sobre os ritmos brasileiros. Para mim tudo isso foi muito natural, porque já era meu objetivo no Brasil tornar-me um conhecedor de nossa cultura musical, o que sigo fazendo dia após dia, pesquisando, tocando e estudando. Para outros, serviu de estímulo para conhecer o Brasil de fora do Brasil, como contam muitos músicos...
Viver quatro anos nos EUA (2006-2010), aonde ser um especialista em música brasileira tornou-se minha profissão, fortaleceu minha visão do "produto" que é nossa música na 'América' e na Europa. Quando eu falava que era baterista e brasileiro, era sempre motivo de alegria e de muita expectativa para saber sobre os ritmos brasileiros. Para mim tudo isso foi muito natural, porque já era meu objetivo no Brasil tornar-me um conhecedor de nossa cultura musical, o que sigo fazendo dia após dia, pesquisando, tocando e estudando. Para outros, serviu de estímulo para conhecer o Brasil de fora do Brasil, como contam muitos músicos...
Uma outra coisa importante que percebi é que, de novo, alguns de nós, brasileiros, temos o péssimo hábito de “cuspir para cima”. É preciso estar atento em relação a isso, uma vez que há muita coisa boa à nossa volta que já não conseguimos mais “ver”, a começar pela relação humana que temos por aqui e pela nossa cultura musical. “Aqui vocês tem a vantagem de ter uma música que é rica em tudo: harmonia, melodia, ritmo e isso é muito bom”, me disse Horácio “El Negro” Hernandez numa entrevista que fiz anos atrás, numa conversa com esse outro músico cubano espetacular... Mas essa história, conto numa outra postagem.