segunda-feira, 14 de março de 2011

O que a música pede... Comentando entrevista de Esperanza Spalding

Como assim 'o que a música pede'?
Uma balada pede ao baterista uma levada mais suave, pede por um instrumento com o som mais aveludado para a melodia, como sax tenor em região média, piano ou guitarra acústica... Pede por baixo acústico ou fretless, por escovas (ou vassourinha), um prato com ‘chuveiro’, pouco bumbo e sempre suave, sem excesso de ornamentos mesmo que com as 'vassourinhas'... Muita movimentação ainda que com pouco volume, pode deixar a condução ansiosa e, provavelmente, não é isso o que a música pede... Talvez ela peça um pouco menos ‘você’ e mais pela “sua” melhor contribuição para ‘aquela música’ e para ‘aquele arranjo’.

Em uma entrevista muito interessante, dada a Jeff Potter pela baixista/vocalista/compositora, Esperanza Spalding  - http://www.esperanzaspalding.com - para revista Modern Drummer americana e publicada pela MD brasileira em fevereiro de 2011, ela diz “... Procuro por pessoas que conseguem pensar como arranjadores quando estão tocando uma música individualmente e também como um todo (em um show), (em grupo no meu entendimento, eu, Sergio) permitindo que cada música tenha sua própria vida e identidade. Espero que os bateristas sejam livres o suficiente quando estão tocando e ouvindo para trazerem ‘o que a música está pedindo’. Muitos bateristas tendem a pegar tudo que sabem e querem usar, mas o difícil mesmo é aprender a contextualizar tudo que você sabe e ‘editar’ as coisas para o bem da música, saber o quê e quando usar.”

Como baterista, e penso que isso vale para qualquer músico, quantos mais recursos você tiver, em princípio, mais interessante pode ser sua contribuição, tocando e ‘ouvindo’ sempre. Por outro lado, selecionar o que usar evitando exageros desnecessários e quando usar, valorizando a contribuição do instrumento para a música e seu arranjo, é essencial. Se for um groove feroz de funk que a música pede, então dê isso a ela e prazer ao público, que é um dos nossos principais objetivos, mas pense sempre um pouco como um arranjador e ouça toda a música e o que todos os músicos estão tocando. Não se preocupe, sempre há um espaço para alguma coisa mais especial, mais com a ‘sua cara’ que você pode usar, que você pode “dar àquela música.”

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