segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Telecoteco - "Tipo uma Clave"

...Continuando o papo via facebook com meu amigo Geraldo, de Chicago.


  • Oi Sergio, agora vi sua resposta... vou pesquisar... maravilhosa sua explicação e, mais ou menos, o que eu pensava. Por já morar nos eua por mais de 30 anos, estou bem familiarizado com a música cubana, e sei muito distinguir as diferentes claves (3/2 e 2/3). Quer dizer que no Brasil poderíamos considerar o teleco teco como um tipo de clave e, a exemplo da música de Cuba, ele poderia começar tanto com anacruse quanto na cabeça do compasso (1º tempo), dependendo da melodia, certo?? Abraço.


    Oi, Geraldo, tudo bem?

  • Sim, eu acredito que podemos pensar no telecoteco como um "tipo de clave", uma linha guia definida pelo ritmo da melodia e que gera a tipologia de frases a serem tocadas. Começar na cabeça ou uma semicolcheia depois e a consequente inversão de frases é decisiva, como você bem sabe. 

    A música começar com anacruse ainda não define a frase, como nos exemplos que dei na postagem anterior, ambas a partir do impulso (Arsis) do ritmo, que chamamos anacruse, mas "Samba de Uma Nota Só" confirma a cabeça do tempo e "Piano na Mangueira" antecipa a entrada em uma semicolcheia, uma colocação tão clássica no samba (tocado com mais liberdade), como o '4e' do Jazz.
    É preciso ouvir e sentir como a melodia caminha. Para um músico com sua experiência, isto é super natural, e acredito que para sua aulas, esse conceito pode ser bastante útil.

    Uma última colocação é o que uma melodia que começa depois do 1º tempo, chamada de ritmo Acéfalo (nome horrível!), tende a configurar o telecoteco invertido, off the beat, "carioca", ou simplesmente telecoteco. Um bom exemplo é "Folhas Secas", de Nelson Cavaquinho, para o qual fiz arranjo para Big Band que você pode assistir abaixo.
    Big da Fundação das Artes de São Caetano em apresentação na Faculdade Santa Marcelina, em outubro de 2011. Repare que o pandeiro começa e em seguida o tamborim toca o telecoteco começando na 2ª semicolcheia,  após o 1º tempo, assim como a melodia. Tivemos Mário Chechetto como convidado no sax tenor.
    Grande abraço,
    Sergio

    2 comentários:

    1. Muito interessante o assunto Sergião..e concordo com vc!!abração e parabens

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    2. Beleza, Ramon! Legal que você gostou e entendemos o conceito da mesma forma. Não há palavras finais sobre tópicos como esse, mas a reflexão quando aplicada tem valor artístico e didático. Grande abraço!

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