domingo, 20 de março de 2011

De uma aula com Keith Copeland: A Intenção Musical

Nos anos 90, participei do Banff Jazz Workshop, no Canadá, e tive aulas de bateria com Keith Copeland, famoso baterista de jazz de Nova Iorque que tocou e gravou com muitos artistas importantes como Milt Jackson, Stan Getz, George Russel, Paul Bley, Ernie Watts, o pianista Hank Jones e muitos outros... Jones não é coincidência não, ele é irmão do Elvin Jones, um dos maiores e mais influentes bateristas do jazz a quem todos nós conhecemos. “I’ve made six records with him (Hank) and he is one of the greatest musicians I have ever played with”, Keith diz em sua biografia. Uma dessas gravações é o CD, “Lazy Afternoon”, do qual fiz algumas transcrições e que é um disco muito bonito. Todos solam em quase todas as faixas, com exceção da bateria em duas ou três baladas.

Numa aula com Keith, eu perguntei sobre escovas no compasso ternário lento, como na canção “A Child is Born”. Ele me mostrou o movimento básico que fazia e algumas possibilidades de variação. Depois me olhou e disse que numa balada como aquela e que baladas de uma forma geral falam sobre amor, em suas letras e através de suas melodias. “You should play brushes with love, Sergio”, ele disse e sugeriu que eu praticasse os movimentos e que estudasse sempre que pudesse, mas que “escovasse com amor.” Talvez pareça um ensinamento simples (?), mas do qual nunca esqueci: ‘tocar com a intenção musical clara na mente e com o coração nas mãos.’

Keith, http://www.keithcopeland.com, tem de mais de 100 gravações de jazz em seu currículo, o livro “Creative Coordination for the Performing Drummer”, onde aborda o estudo do jazz em diferentes andamentos (bem interessante) e segue tocando com músicos em turnês pela Europa e USA. Hoje ele vive em Colônia (Koln), Alemanha e é professor da Hochschule fur Musik Koln, uma das escolas onde dei workshop na Europa, mostrando como estudar ritmos brasileiros através do meu livro “Novos Caminhos da Bateria Brasileira” em sua versão inglês/espanhol. Para mim foi uma grande alegria ter Keith Copeland presente em um de meus workshops.

2 comentários:

  1. com certeza ele aprendeu tanto quanto voce com ele

    ResponderExcluir
  2. Com certeza aprendemos todo o tempo, com todos à nossa volta. Keith me ensinou sobre jazz, ritmos latinos e sobre tocar com a música, valorizando seu próprio espírito. Bons professores deixam lições das quais não esquecemos, não é mesmo? Obrigado pelo comentário.

    ResponderExcluir